Canetas emagrecedoras podem afetar a fertilidade?

  • 20/07/2025
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Canetas emagrecedoras podem afetar a fertilidade?

Especialista analisa impactos e avalia versão brasileira do medicamento.

O uso das chamadas canetas emagrecedoras – como Ozempic, Wegovy e similares – segue em alta no Brasil, principalmente entre mulheres em idade fértil. Apesar da promessa de emagrecimento rápido, os impactos dessas medicações na fertilidade ainda são pouco debatidos fora dos consultórios. Paulo Tudech, da Nilo Frantz Medicina Reprodutiva, explica como substâncias como a semaglutida influenciam ovulação, reserva ovariana e saúde hormonal — e reforça a importância de hábitos saudáveis e acompanhamento multidisciplinar.

De acordo com dados divulgados em junho de 2025 pelo New York Post e pela Pharmacy Times, cerca de 15% das pacientes em uso de agonistas de GLP‑1 relataram alterações no ciclo menstrual e na ovulação. Já entre homens, um estudo apresentado na American Urological Association (AUA 2025) indicou uma melhora de até 2,8% na normalização da contagem de espermatozoides, mostrando que o impacto pode variar conforme o perfil de cada paciente. Além disso, a agência regulatória do Reino Unido (MHRA) emitiu, em junho de 2025, um alerta sobre mais de 40 casos de gestações inesperadas durante o uso de medicamentos como semaglutida e tirzepatida, reforçando a importância de orientação contraceptiva para quem não deseja engravidar.

Para Paulo Tudech, o tema deve ser abordado com cautela, informação de qualidade e acompanhamento personalizado. “A semaglutida atua principalmente no controle do apetite e do metabolismo, mas esses efeitos repercutem de forma sistêmica. Em mulheres, podem ocorrer alterações no eixo hormonal, ciclos irregulares ou até impacto sobre a reserva ovariana, dependendo da intensidade da perda de peso e do estado nutricional. Por outro lado, para pacientes com obesidade ou síndrome dos ovários policísticos (SOP), essas medicações podem ser grandes aliadas, já que a perda de peso melhora a sensibilidade à insulina e favorece a ovulação. O risco está no uso sem indicação, sem monitoramento e com expectativas irreais”, explica.

Com a chegada do Ozempic brasileiro — nomes comerciais Olire e Lirux, produzidos pela EMS e previstos para chegar ao mercado ainda em 2025 — o acesso deve se tornar ainda maior. Para o Dr. Paulo, isso amplia a responsabilidade sobre o uso consciente. “A produção nacional democratiza o acesso, mas reforça a urgência de informação técnica e acompanhamento especializado. Na Nilo Frantz, defendemos o tratamento multidisciplinar: endocrinologistas, nutricionistas e especialistas em reprodução trabalham juntos para que o paciente emagreça de forma saudável e preserve sua saúde reprodutiva.”, destaca, alertando que,  para um ponto pouco discutido: o risco da perda de peso excessiva. “A magreza extrema também compromete a fertilidade, pois níveis muito baixos de gordura corporal reduzem a produção hormonal, prejudicando a ovulação e a qualidade dos óvulos. É um equilíbrio: perder peso em excesso, de forma descontrolada, pode ser tão prejudicial quanto a obesidade.”

Segundo ele, o medicamento deve ser visto como uma ferramenta dentro de um contexto mais amplo, que inclui alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos regulares, sono de qualidade e cuidado com a saúde intestinal — fatores que influenciam diretamente a fertilidade. “Até o momento, não há estudos que comprovem ganho de fertilidade apenas pelo uso da semaglutida. O que existe é a evidência de que a perda de peso equilibrada melhora a função ovulatória, o ambiente uterino e, em alguns casos, a qualidade dos óvulos e dos espermatozoides. Por isso, é fundamental acompanhamento médico, exames regulares e planejamento reprodutivo claro”,  afirma o médico.

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