Especialista alerta para principais sintomas de transtornos mentais em crianças e adolescentes

  • 17/07/2025
  • 0 Comentário(s)

Especialista alerta para principais sintomas de transtornos mentais em crianças e adolescentes

Dados recentes mostram crescimento preocupante nesta faixa etária; mudanças bruscas de comportamento, irritabilidade e isolamento estão entre os sinais.


Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que um em cada sete jovens entre 10 e 19 anos sofre de algum transtorno mental, o que representa cerca de 15% da carga global de doenças nessa faixa etária. Depressão, ansiedade e distúrbios comportamentais estão entre as principais causas de incapacidade entre adolescentes. 
A psiquiatra Dra. Carla Vieira, do CAPS Infantojuvenil II M'Boi Mirim, unidade gerenciada pelo CEJAM (Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”) em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SMS-SP), alerta que os transtornos mentais na infância e adolescência resultam de uma complexa combinação de fatores genéticos, ambientais, psicológicos e sociais. “Traumas na infância, como violência doméstica, negligência, abuso, bullying e pobreza extrema, afetam diretamente o desenvolvimento do cérebro, especialmente regiões como o hipocampo e uma outra região do cérebro chamada amígdala, impactando áreas responsáveis pelo controle emocional, cognição e resposta ao estresse. Essas alterações aumentam a vulnerabilidade a quadros como depressão, TDAH, transtornos de conduta e até mesmo psicose”, explica a especialista.

Estudo da Faculdade de Medicina da USP, divulgado em fevereiro deste ano em parceria com a Universidade de Bath, indica que mais de 80% dos jovens brasileiros já passaram por pelo menos um evento traumático até os 18 anos, impactando a saúde mental. De acordo com a Dra. Carla, a genética pode explicar de 30% a 50% da predisposição a transtornos mentais, mas são os fatores ambientais e sociais que costumam determinar a manifestação desses quadros, especialmente em contextos marcados pela exclusão, desigualdade, violência, negligência institucional e insegurança econômica, além do isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19.

A médica destaca que jovens em sofrimento emocional, muitas vezes sem diagnóstico, tendem a buscar nas drogas uma forma de alívio. “Meninas vítimas de violência sexual e meninos expostos a contextos violentos estão entre os grupos mais vulneráveis. A busca por substâncias como válvula de escape é uma forma de lidar com o estresse e a ansiedade, o que pode agravar ainda mais a situação.” A especialista ressalta ainda que o uso precoce de álcool e maconha também está associado ao desencadeamento ou agravamento de transtornos como esquizofrenia, transtorno bipolar e depressão. “Quanto mais precoce o uso (antes dos 15 anos), maior o risco de neurotoxicidade e de alterações em circuitos dopaminérgicos.”

Outro fator de risco em evidência é o uso excessivo das redes sociais. Para jovens emocionalmente fragilizados, o ambiente digital pode intensificar sentimentos de inadequação, estimular comparações constantes e facilitar o acesso a conteúdos prejudiciais. “O cyberbullying, por exemplo, está diretamente ligado a casos de automutilação, ideação suicida e transtornos depressivos”, afirma. Entre os principais sinais de alerta estão mudanças bruscas de comportamento, irritabilidade, isolamento, queda no desempenho escolar, automutilações e falas sobre morte ou suicídio. “Esses sintomas devem ser levados a sério e acompanhados por profissionais de saúde mental”, reforça a psiquiatra. O estigma em torno do tema ainda é um dos principais obstáculos para o diagnóstico e o tratamento. “O preconceito impede que famílias busquem ajuda, retardando o início do cuidado e contribuindo para o agravamento do quadro. Tratar saúde mental como prioridade é urgente e essencial para garantir o futuro desta geração”, conclui.

#Compartilhe

0 Comentários


Deixe seu comentário








Aplicativos


Locutor no Ar

Anunciantes