Reivindicação da titulação do território quilombola
- 19/06/2025
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Festa das Marisqueiras e Pescadores do Quilombo do Alto do Tororó reivindica a titulação definitiva do território quilombola
Reafirmação do território, fortalecimento da memória e existência digna são algumas das palavras de ordem do povo quilombola do Alto do Tororó, pessoas que fazem da Festa das Marisqueiras e Pescadores, muito mais do que uma celebração, mas também um ato de resistência em busca da titulação definitiva da comunidade. A celebração, que desde 2018 já realizou três edições, volta ao calendário soteropolitano no dia 28 de junho, com mesa de abertura das 8h às 10h, na comunidade Alto do Tororó, em São Tomé de Paripe.
A programação é diversa e celebrativa: rodas de samba, capoeira, bumba meu boi, feira de artesanato, exibição de filmes, mostra fotográfica, e a aguardada corrida de canoas — símbolo da conexão histórica com as águas da região. É também uma oportunidade para a comercialização de produtos artesanais e da agricultura familiar, fortalecendo a economia solidária e o protagonismo comunitário. A comunidade encontra no samba um movimento de fortalecimento da ancestralidade. “Eu acredito no samba como ferramenta de aquilombamento e de alto reconhecimento da população quilombola, pra mim é também um ato político. O samba nos movimenta e a nossa ancestralidade nos guia”, afirma Bárbara Maré que é liderança quilombola do Alto do Tororó e integrante do Grupo das Matriarcas do Samba.
A Festa das Marisqueiras e Pescadores é uma tradição cultural que existe no Quilombo Alto do Tororó há 40 anos. A comunidade celebra sua força e luta em torno da defesa do território a partir das suas manifestações culturais como o samba de crioula, o bumba meu boi, a corrida de canoa e a culinária. A comunidade fortalece sua identidade e pertencimento territorial e transmite para as novas gerações a importância da cultura quilombola. “A preservação da memória, a força da ancestralidade e o cultivo da cultura popular encontram expressão potente na Festa das Marisqueiras e dos Pescadores, retomada após um hiato de mais de quatro décadas. Desde então, a celebração tem reafirmado o orgulho quilombola e o direito à existência digna, à pesca artesanal e à valorização das tradições locais. Mais que uma festividade, a festa é um ato de resistência e reafirmação territorial”, ressalta João Paulo Diogo, membro do Coletivo Assessoria Cirandas.
A iniciativa é uma realização do Tempero do Quilombo em parceria com o Coletivo Assessoria Cirandas, com produção da Cultura Tao. O projeto foi contemplado pelo edital Gregórios – Ano IV com recursos financeiros da Fundação Gregório de Mattos, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Prefeitura de Salvador e da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), Ministério da Cultura, Governo Federal.