Atividade física estruturada aumenta sobrevida
- 11/06/2025
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Um estudo realizado por pesquisadores canadenses e publicado no New England Journal of Medicine revelou que um programa estruturado de exercícios físicos, iniciado após o tratamento do câncer de cólon (parte do intestino grosso), pode reduzir, significativamente, o risco de recidiva da doença e aumentar a sobrevida global dos pacientes. O estudo intitulado CHALLENGE foi realizado em 55 centros de câncer de seis países e ganhou destaque no último Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica – ASCO 2025.
O ensaio clínico randomizado acompanhou 889 pacientes com câncer de cólon em estágio III ou II de alto risco, todos tratados com cirurgia e quimioterapia adjuvante. Após cerca de oito anos de seguimento, os resultados mostraram que os pacientes que participaram do programa supervisionado de exercícios físicos apresentaram uma redução de 28% no risco de recidiva ou de desenvolvimento de um novo câncer, além de uma redução de 37% no risco de morte. O programa envolvia atividades aeróbicas, como caminhadas rápidas de 45 minutos, quatro vezes por semana, com suporte profissional por três anos. “Estamos diante de evidência científica robusta que reforça a urgência de integrar o exercício físico aos programas de survivorship oncológicos. Essa prática simples, acessível e segura pode salvar vidas”, afirma a oncologista Luciana Landeiro, diretora do programa de survivorship do grupo Oncoclínicas.
Além dos desfechos clínicos da pesquisa, os participantes do grupo de intervenção relataram melhora sustentada da função física ao longo do tempo. A adesão foi considerada boa, especialmente por contar com acompanhamento estruturado e metas claras, o que reforça a importância do apoio contínuo no sucesso de estratégias de autocuidado no contexto do pós-tratamento oncológico. Segundo os autores do estudo, os benefícios do exercício físico não podem mais ser considerados apenas complementares ao tratamento. Há evidência de que ele atua como intervenção terapêutica com impacto direto na sobrevida. O exercício pode modular fatores como inflamação, sensibilidade à insulina, vigilância imunológica e equilíbrio hormonal, interferindo nos mecanismos biológicos que favorecem o reaparecimento do câncer. Para Luciana Landeiro, no contexto da survivorship, o estudo CHALLENGE representa um marco. Ele reforça a necessidade de incluir a atividade física supervisionada como parte estruturante dos planos de cuidado no pós-tratamento. No Brasil, onde os casos de câncer de cólon vêm aumentando, inclusive entre jovens, essa abordagem representa uma oportunidade concreta de transformar o cuidado e ampliar a sobrevida.
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