Calor Extremo Aumenta Risco para Gestantes no Brasil, Aponta Estudo Internacional
- 14/05/2025
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O calor extremo, agravado pelas mudanças climáticas, está se tornando uma ameaça crescente à saúde de gestantes em diversas partes do mundo, incluindo o Brasil. Uma nova análise internacional mostra que, entre 2020 e 2024, o número de dias perigosamente quentes para a gravidez dobrou em quase 90% dos países, colocando em risco a saúde materna e os desfechos gestacionais.
No Brasil, o impacto tem sido significativo: o país registrou, em média, 27 dias adicionais por ano com risco térmico elevado para gestantes, diretamente associados às mudanças climáticas. A cidade de São Luís, no Maranhão, apresentou o maior número de dias de risco térmico no país, com uma média anual de 49 dias perigosamente quentes para a gestação no período analisado.
O estudo examinou temperaturas diárias em 247 países e territórios, ao longo de cinco anos, para identificar o aumento dos chamados dias de risco térmico gestacional — aqueles em que as temperaturas máximas ultrapassam 95% dos registros históricos locais. Esse tipo de calor extremo está diretamente relacionado ao aumento do risco de partos prematuros e complicações maternas, como hipertensão, diabetes gestacional, internações e morbidades graves.
Destaques da Análise
- Todos os países analisados registraram aumento no número de dias perigosamente quentes para gestantes em comparação com um cenário sem mudanças climáticas.
- Em 222 dos 247 países e territórios, o número de dias de risco térmico gestacional mais do que dobrou entre 2020 e 2024.
- Em quase um terço das nações analisadas, o aumento equivale a um mês adicional por ano de exposição a temperaturas elevadas e perigosas para a gravidez.
- Em algumas cidades e países, todos os dias de calor extremo observados no período estudado são atribuídos à influência da mudança climática, ou seja, não teriam ocorrido em um mundo sem o aquecimento global induzido por atividades humanas.
As regiões mais afetadas incluem áreas com limitado acesso a serviços de saúde, como América do Sul, Caribe, Sudeste Asiático, África Subsaariana e Ilhas do Pacífico — locais que, apesar de contribuírem minimamente para as emissões de gases de efeito estufa, enfrentam os impactos mais severos da crise climática.
Riscos à Saúde Materna e Infantil
O calor extremo é considerado um dos fatores climáticos mais perigosos para a saúde materna e neonatal. A exposição prolongada a temperaturas elevadas durante a gestação está associada ao aumento de partos prematuros, complicações de saúde para as gestantes e riscos duradouros para o desenvolvimento das crianças.
Especialistas em saúde alertam que, sem ações urgentes para frear as emissões de gases de efeito estufa e reduzir a queima de combustíveis fósseis, os impactos sobre gestantes e recém-nascidos tendem a se intensificar, especialmente em regiões vulneráveis e com infraestrutura de saúde precária.
A análise reforça a necessidade de considerar a mudança climática não apenas como um desafio ambiental, mas como uma crise urgente de saúde pública, com implicações diretas sobre a vida de milhões de pessoas — especialmente as mais vulneráveis.