Cuidar do cérebro é cuidar da vida
- 22/09/2025
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Com o aumento dos casos de ansiedade, depressão e outros transtornos mentais, a saúde do cérebro passou a ocupar lugar central nas discussões sobre qualidade de vida. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 970 milhões de pessoas convivem com algum transtorno mental no mundo — o equivalente a uma em cada oito pessoas.
O estilo de vida moderno, marcado por rotinas aceleradas, excesso de estímulos e alta carga emocional, tem levado milhões ao limite do esgotamento físico e mental. O cérebro, órgão mais complexo do corpo humano, é diretamente afetado por esses fatores.
“O estresse contínuo altera profundamente o funcionamento cerebral. Ele muda a forma como pensamos, sentimos, reagimos e até como nosso corpo responde a doenças”, explica o neurologista André Carvalho Felício, professor do Departamento de Neurologia da Afya Educação Médica de Ribeirão Preto.
De acordo com o especialista, viver sob constante tensão ativa a amígdala, estrutura que funciona como um sistema de alarme interno, colocando o cérebro em estado de alerta permanente. Isso leva a reações intensas de medo, raiva ou ansiedade, muitas vezes sem o devido controle racional.
Além disso, o estresse crônico reduz a atividade do córtex pré-frontal, região responsável pelo pensamento lógico, planejamento, empatia e tomada de decisões. “Com essa parte funcionando menos, tendemos a agir por impulso e a tomar decisões das quais podemos nos arrepender depois. É como se perdêssemos temporariamente a capacidade de pensar com clareza”, alerta Felício. Neuroplasticidade: o poder de se reinventar
Apesar dos impactos negativos, o cérebro possui uma capacidade única de adaptação: a neuroplasticidade. Trata-se da habilidade de reorganizar-se ao longo da vida, formando novas conexões neurais. Essa plasticidade pode ser estimulada não só na infância, mas em qualquer fase, por meio de hábitos saudáveis.
- Pausas e respiração consciente: meditação, ioga e caminhadas ajudam a reduzir o estresse.
- Alimentação equilibrada: inclua alimentos ricos em ômega-3 e antioxidantes, evitando ultraprocessados.
- Sono de qualidade: horários regulares e ambiente tranquilo garantem o descanso ideal.
- Novos aprendizados: idiomas, instrumentos e desafios cognitivos estimulam conexões neurais.
- Atividade física: libera substâncias como endorfinas e proteínas que protegem os neurônios.
- Vínculos afetivos: relacionamentos saudáveis funcionam como fator de proteção contra a depressão.
- Atividades prazerosas: música, filmes, hobbies e contato com pets estimulam neurotransmissores ligados ao bem-estar.