Demanda de cruzeiros expõe necessidade de ampliação da infraestrutura portuária no Brasil

  • 06/09/2025
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Demanda de cruzeiros expõe necessidade de ampliação da infraestrutura portuária no Brasil

O diretor-executivo da Aterc Brasil, João Tomaz, o diretor de Operações do Pier Mauá, Américo Rocha e o gerente de Operações do Concais, Javier Carnevale.


A possível crescente demanda do mercado de cruzeiros no Brasil reforça a necessidade de planejamento, ampliação e modernização da infraestrutura portuária, em especial no Porto de Santos, que concentra a maior parte das operações da América do Sul. O tema foi debatido durante o 7º Fórum Clia Brasil, realizado em Brasília, com a participação da Associação Nacional de Terminais de Cruzeiros (Aterc Brasil). A entidade defende a transferência das operações de passageiros para a região do Valongo, no centro histórico da cidade portuária.

Com previsão de início em 26 outubro e fim em 19 de abril do ano que vem, a temporada 2025/2026 será impactada pela redução do número de navios de cruzeiro no Porto de Santos, o principal hub do País. Seis embarcações farão 122 escalas regulares no complexo marítimo, na região de Outeirinhos. Em comparação com temporadas anteriores, esses transatlânticos são mais antigos e têm menor capacidade de hospedagem. “É importante termos uma visão de futuro, pensarmos em atrair mais navios, proporcionando uma melhor experiências para os hóspedes. O projeto que prevê a transferência do Concais para o Valongo é fundamental para que a gente tenha uma expectativa muito maior e melhor, com a retomada do número de navios e com a vinda de novas embarcações de cruzeiro”, afirmou João Tomaz, diretor-executivo da Aterc Brasil.

Além de discutir a importância da infraestrutura adequada para dar conta desse crescimento, o fórum também destacou a relevância de planejamento integrado, capaz de oferecer mais eficiência às operações e melhor experiência aos passageiros. Segundo Tomaz, para os terminais de cruzeiros, é importante que os armadores se programem com, no mínimo três temporadas de antecedência, para que as instalações possam direcionar seus investimentos para o atendimento da demanda do setor.

O diretor de Operações do Pier Mauá, Américo Rocha, concorda. “Hoje, temos quatro terminais que não deixam nada a desejar com relação a outros: Santos, Rio de Janeiro, Salvador e agora, recentemente, Fortaleza têm toda a infraestrutura desejada há anos pelos armadores. Agora, as coisas se inverteram um pouco. Os terminais estão com a infraestrutura preparada, mas a quantidade de navios vai diminuindo. Eu espero que um dia as coisas andem juntas, que a infraestrutura melhore, como já melhorou, e que o número de navios volte a crescer, como foi anos atrás”.

Em Salvador, segundo o gerente da Contermas, Fábio Ruas, este é o segundo ano consecutivo de redução do número de embarcações. “A única armadora que fazia escalas regulares em Salvador diminuiu o tamanho dos navios. Apesar de termos mantido o número de escalas, a gente perde em volume de passageiros. Isto acontece logo após grandes investimentos que fizemos em tecnologia, com a aquisição de câmeras e escâneres”. O executivo se refere ao cumprimento a exigências em relação ao alfandegamento e segurança dos terminais. Porém, o setor enfrenta a falta de isonomia com outras instalações, como algumas localizadas na região Sul, que não cumprem as mesmas normas, com os navios operando fundeados e os embarques ocorrendo em locais improvisados.

Com infraestrutura preparada e operações menores, os terminais ficam cada vez mais ociosos, já que operam apenas durante as temporadas. No Porto de Santos, esse índice chega a 63%. O terminal, que já chegou a embarcar mais de 500 mil turistas em uma única temporada (2011/2012) irá receber 320 mil embarques na próxima, que começa no próximo mês.

Segundo o gerente de Operações do Concais, Javier Carnevale, a transferência das operações para o Valongo permitirá a atracação de três meganavios simultaneamente. Além de conforto aos passageiros, a medida garantirá mais segurança aos armadores de cruzeiros para o planejamento das temporadas brasileiras, ampliando, assim, a possibilidade da ampliação da temporada, com escalas regulares de navios durante todo o ano no cais santista. “Com berços exclusivos para atracação de navios de cruzeiros, a experiência do hóspede vai melhorar muito, lembrando que essa experiência começa quando ele chega ao terminal. Então, é, sim, o momento de falarmos sobre a transferência de área, que esperamos que aconteça o mais rápido possível”, afirmou Carnevale.

A Aterc Brasil defende a mudança das operações do terminal de cruzeiros do Porto de Santos para a região do Valongo e ressalta a necessidade de celeridade nessa análise, de forma a garantir previsibilidade regulatória, atrair investimentos das armadoras e consolidar Santos e o Brasil como destinos estratégicos no mercado internacional.

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