Estresse, sono e tecnologia estão afetando o coração do brasileiro

  • 14/08/2025
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Estresse, sono e tecnologia estão afetando o coração do brasileiro
A nova face das doenças cardíacas é alertada no Dia do Cardiologista, celebrado em 14 de agosto. Foto de divulgação.

Os fatores modernos de risco desafiam a saúde cardiovascular e revelam um cenário crítico no país, como rotina acelerada, uso excessivo de telas, má qualidade do sono e estresse contínuo. Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), revelam que casos de infarto em pessoas com menos de 40 anos cresceram cerca de 17% na última década. O dado mostram um aumento de problemas cardíacos em faixas etárias cada vez mais jovens, que contribui para que o coração do brasileiro adoeça mais cedo, muitas vezes por causas invisíveis e silenciosas.
O sedentarismo digital, a privação crônica de sono e o estresse emocional têm sido apontados como agentes significativos na saúde cardiovascular moderna. “O coração do século XXI sofre não apenas por colesterol ou cigarro, mas também pelos efeitos da vida sedentária diante de telas, pelo sono insuficiente e pela sobrecarga emocional. Esses fatores são tão relevantes quanto os tradicionais, e muitas vezes mais silenciosos”, afirma Rosangeles Konrad, professora de cardiologia da Afya Educação Médica de Brasília, destacando que os impactos desses hábitos já são claramente perceptíveis nos consultórios. 
Segundo ela, o sedentarismo digital vai além de simplesmente “ficar parado”. Longas horas sentado afetam a circulação, reduzem a produção de óxido nítrico (essencial para a dilatação dos vasos sanguíneos) e comprometem o metabolismo, favorecendo o acúmulo de gordura, resistência à insulina, aumento dos triglicerídeos e queda do HDL, até mesmo entre os jovens. Já a privação de sono, principalmente quando inferior a seis horas por noite, eleva a pressão arterial durante o repouso, aumenta os níveis de inflamação (como a proteína C reativa - PCR-us) e reduz a variabilidade da frequência cardíaca, um importante marcador de risco cardiovascular. Estudos do UK Biobank com quase 500 mil adultos apontaram que o sono inadequado pode aumentar em até 20% o risco de infartos e AVCs.

Outro fator alarmante é o estresse crônico, uma realidade marcada por hiperconectividade e pressões constantes, o corpo permanece em estado de alerta, ativando continuamente o sistema nervoso simpático. "Isso eleva a pressão arterial, a frequência cardíaca e favorece uma vasoconstrição prolongada, alterações que podem causar remodelamento cardíaco e disfunção endotelial mesmo em pessoas jovens e aparentemente saudáveis. O estresse ainda fragmenta o sono, atrapalha a recuperação do sistema cardiovascular e pode ser o gatilho para arritmias e infartos, independentemente da presença de fatores de risco clássicos como colesterol alto ou histórico familiar", explica a médica.

Entre os mais jovens, observam-se cada vez mais diagnósticos de disfunção microvascular coronariana, miocardites (inclusive associadas à COVID-19), espasmos nas artérias coronárias, além de casos precoces de hipertensão e diabetes tipo 2. Soma-se a isso o uso de anabolizantes, cigarros eletrônicos e drogas recreativas, que podem desencadear arritmias, tromboses e picos de pressão. “Hoje, um jovem de 30 anos pode apresentar risco cardiovascular semelhante ao de um adulto de 50 anos há duas décadas”, observa a Dra. Rosangeles, acrescentando que, diante dessa realidade, os métodos tradicionais de avaliação cardiovascular se mostram limitados. Para a cardiologista da Afya Brasília, é necessário que os cardiologistas adotem uma abordagem mais ampla e personalizada.

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